METAMORFOSE

 

 

METAMORFOSE (2011/2012) é a série fotográfica condensada de uma experiência feita durante três meses com propagandas de revistas e baratas vivas.

 

As propagandas de revistas de moda retratando marcas de luxo e com imagens estereotipadas de mulheres esbanjando juventude e beleza, foram colocadas dentro de caixas de acrílico e embebidas com leite condensado, açúcar e água, sendo oferecidas como único alimento as baratas durante os três meses. Lentamente as baratas devoraram a beleza e a perfeição dos rostos fazendo um simulacro da passagem do tempo sobre cada um de nós.

 

As fotografias deste processo foram mostradas na Exposição METAMORFOSE e nos propõem várias reflexões sobre o uso da beleza na sociedade de consumo e seu poder sobre todos nós.

 

 

Exposições individual no MAC - Museu de arte Contemporânea, POA/RS - 2011

Exposição no Espaço Cultural Albano Hartz, NH/RS - 2012

Paraty em Foco, Paraty/RJ - 2014

 

 

Apresentação

 

A metamorfose indica mudança, transformação. Como na gênese da borboleta que troca de aparência varias vezes em seu ciclo de vida, Magna Sperb transmuta a sua poética, pois ela também sai do ovo para chegar à imago. As imagens da representam o amadurecimento de seu processo criativo. Das pinturas que remete a estereótipos de beleza, ela chega a fotografia em que o belo aparece contaminado em as essência.

 

A reação de estranhamento, e até de repulsa ou medo, causada pelas imagens, suscita reflexões e faz com que se pense além do que se vê. A alegoria da imagem é o produto de um longo processo de aprendizagem e experimentações.

 

As primeiras pinturas de Magna foram realizadas a partir de revistas de artigos de luxo: moda, joias e perfumes. Os rostos em close e poses provocativas, geralmente de óculos, falavam de beleza e sedução. A sua escolha foi a de representar a beleza, o prazer e a alegria para afastar-se do outro lado: violência e a miséria humana. Essa maneira parcial de ver e sentir fez com que seu trabalho impulsionasse a catarse e a fizesse aceitar a vida como ela é, sem congelar o tempo em suas belas imagens. A reflexão motiva a metamorfose em que a pintura dialoga com a fotografia, já que a pintura é um artificio na representação, e a fotografia é o valor real sem simulacros.

 

Nas pinturas recentes que faz parte da mostra, o estereótipo escolhido foi o de uma figura feminina, delicada, jovem, loura e sensual dotada dos aparatos usados por grifes para seduzir e provocar o narcisismo contemporâneo em uma sociedade capitalista, em que tudo esta à venda. A pintura foi usada como meio para retratar o mundo ideal rodeado de beleza, juventude e felicidade. Em que pese a sua reflexão sobre isso e em seu desejo de mudanças, ela sobrepõe nos rostos e nos corpos adesivos de insetos para contextualizar a contaminação do belo como metáfora daquilo que não queremos ver: sofrimento, doenças, velhice e morte.

 

Magna construiu este trabalho oferecendo as revistas que o inspiram às baratas, criaturas dissimuladas e traiçoeiras que devoram a beleza e a perfeição. As formas perdem os seus contornos, envelhecem e foram sugadas com o passar do tempo. As fotografias revelam um verdadeiro escrutínio desses insetos sobre a revista em que podemos enxergar a profundidade e as camadas que desvelam as entranhas que, fazendo-as emergir à superfície. As cenas captadas em momentos específicos revelando a fragilidade do ser humano no mundo, além de aspectos lúdicos e eróticos.

 

Diretrizes ousadas foram utilizadas para desenvolver esse processo, por meio do abandono provisório da pintura, para dedicar-se às fotografias, uma vez que elas possuem um impacto indiscutível para mostrar a realidade, em que os tempos são misturados, utilizando fragmentos de um para resinificar o outro e para provocar pensamentos através da alegoria visual. “o que vemos só vale – só vive – em nossos olhos pelo que nos olha.” Olhar para as imagens instigantes para enxergar-se e também para ver através delas (que nos olham) questões sobre a essência da vida em sua fragilidade e finitude.

 

 

Curadora da Exposição Metamorfose

Ana Zavadil

Mestre em PPGARTda UFSM

 

Tudo é novo, me instiga...

Tudo é diferente, me excita...

 

Magna Sperb consegue me provocar. A artista consegue me incomodar levarem-me a um tipo de reflexão através das suas obras.

 

Imagens tão comuns dos editoriais  de moda das revistas. Modelos famosas, posando para marcas mais famosas ainda, tem uma leitura e uma interpretação ousada e são transformadas em obras de arte. Fascínio!!!

 

Quando fui apresentado à obra da artista não fiquei incomodado com as baratas. Baratas nunca me assustaram, baratas são imagens que vemos pelo mundo a fora de forma gratuita e nos passam despercebidas. Baratas da moda. Baratas no lixo. Baratas invasoras no mercado desta moda que Magna Sperb cria, recria e lança em grande estilo e nos faz refletir sobre o luxo e o lixo humano em que vivemos.

 

 

Miltinho Talaveira

Publicitário

 

 

Com o objetivo de promover o debate artístico entre pintura e fotografia, moda e publicidade, o Museu de Arte Contemporânea dp Rio Grande do Sul, apresenta a exposição METAMORFOSE de Magna Sperb.

 

A artista, natural de Novo Hamburgo, pós-graduada em Poéticas Visuais pela Universidade Feevale, aceitou o desafio de ocupar a galeria Xico Stockinger, sob curadoria de Ana Zavadil, para tratar do eterno tema da beleza, cujo seu predecessor nesse cubo branco, foi um dos maiores artistas em seu métier: Guy Bourdin.

 

No entanto, Magna, tal qual uma iconoclasta contemporânea, contamina a beleza que o outro fantasiou. As modelos apropriadas de revistas de moda põem em dúvida a permanência do humano frente a deterioração social. Ou seja, aquilo que é percebido nas imagens como modelo de beleza totalmente artificial, em contato com a manifestação do natural, os insetos danadinhos como moscas e baratas, acabam por anunciar a morte destas imagens, ou, ao menos, do prazer que elas nos proporcionam enquanto seus ávidos consumidores. Ao ponto de nos perguntamos como nos identificamos com estes ícones da sociedade de consumo?

 

Frente ao impacto e a provocação dos trabalhos de Magna Sperb, lembramos naturalmente de Kafka, e como seu personagem Gregor Samsa, do livro homônimo ao titulo desta exposição, perguntamo-nos se não nos darmos conta que nos transformamos em insetos, que cada dia estamos perdendo nosso, sem realmente entender no que nos transformamos?

Agradecemos a artista por suscitar tais inquietações e a todos que acreditam e colaboram na realização desta exposição.

 

André Venzon

Diretor MAC-RS  2011 - 2015

 

 

M24 - 100X150cm

M62- 100X150cm

M72- 100X150cm

BOCA - 300X180cm

M90 - 100X150cm

M91 - 100X150cm

M80 - 100X150cm

M92 - 100X150cm

M213 - 100X150cm

M218 - 100X150cm

M200 - 100X150cm

M222 - 100X150cm

M357 - 100X150cm

M3587- 100X150cm

M397- 100X150cm